Cruzeiros no Brasil poderá ter mudanças nos portos
Operadores dos terminais marítimos no país ainda esperam pela definição oficial das medidas anti-Covid pela Anvisa
publicado em: 12/10/2021Questionamento com a segurança sanitária a bordo dos cruzeiros no Brasil
Em tempos de pandemia, muito se questiona a segurança sanitária a bordo dos cruzeiros no Brasil, cujo retorno no litoral brasileiro foi autorizado pelo governo federal e acontecerá a partir de novembro. Mas os protocolos para impedir a disseminação do novo coronavírus entre passageiros e tripulantes começa antes, nos terminais de embarque e desembarque. A lista oficial de medidas determinadas pela Anvisa ainda não foi divulgada, mas já se sabe algumas mudanças que os cruzeiristas encontrarão ao chegarem nos portos.
A principal delas deve ser o embarque escalonado, dividido por horários..A ideia é evitar que muita gente chegue com antecedência desnecessária ao terminal, ou que a maioria se apresente para o embarque ao mesmo tempo, causando aglomeração nos terminais.
Neste sistema, cada grupo de passageiros será designado a embarcar num horário diferente. Assim, quando um grupo estiver chegando, o anterior já terá embarcado e o seguinte ainda não chegou. Lembrando que, na temporada 2021/2022, será necessário apresentar um teste PCR negativo, o que pode aumentar o tempo gasto por cada passageiro no processo de embarque.
Dessa maneira o fluxo de pessoas nos salões será menor, diz Sueli Martinez, diretora de operações da Concais, empresa que administra o terminal de passageiros do porto de Santos, o mais movimentado da temporada brasileira de cruzeiros.
— Esse modelo já é usual em alguns terminais muito movimentados, como o de Miami. Isso favorece muito um bom atendimento, e que a pessoa não chegue muito antes sem necessidade — explica.
A medida é uma das que integra o protocolo sanitário desenvolvido pelas empresas de cruzeiros marítimos para ser adotado durante a pandemia. Segundo Sueli, ele já poderia ter sido usado para a temporada 2020 / 2021, caso ela tivesse acontecido.
— Estamos preparados para agir seguindo aqueles protocolos, desenhados num momento ainda pior da pandemia. O uso de máscaras por todos os funcionários e o reforço da limpeza das superfícies, feito a cada 40 minutos com produtos especiais, por exemplo, foram medidas que tomamos já em fevereiro de 2020, após um alerta da Anvisa, devido aos casos de Covid-19 na Europa — conta Sueli.
O protocolo que sairá da gaveta prevê ainda bloqueio de um terço dos assentos, para aumentar o distanciamento entre as pessoas, instalação de placas de acrílico nos guichês de atendimento, pontos de distribuição de álcool em gel e uso obrigatório de máscaras por todas as pessoas.
Outra medida prevista é a desinfecção das malas antes de entrarem no navio. A bagagem será despachada através de uma área específica para esse fim. Lá, todas as malas e bolsas serão sanitizadas, com produtos especiais, e então levadas a bordo. O processo acontecerá de forma inversa no desembarque: a bagagem sairá do navio, receberá essa limpeza reforçada já em terra, e só depois o passageiro poderá pegá-la.
A diretora considera que esse protocolo básico será o suficiente para garantir a segurança das cerca de 237 mil pessoas que, nas contas da Concais, deverão passar pelos cinco salões do terminal, cada um com 11 mil metros quadrados. A grande dificuldade até o momento, segundo Sueli, tem sido remontar a equipe, desmobilizada após a interrupção das atividades, em março de 2020. Em suas palavras, ela precisava "organizar em 25 dias o que normalmente levaria três ou quatro meses para ficar pronto".
— Tivemos que sair dos 25 funcionários fixos para os 300 necessários para a operação, muitos deles apenas aos fins de semana. A maioria já trabalhou com a gente, até 2020, mas ainda assim precisamos reforçar o treinamento para uma situação inédita para todos nós — ela ressalta. — Não é apenas fazer o que fazíamos antes, e sim saber trabalhar com os novos protocolos de segurança. Até a abordagem ao passageiro tem que ser diferente agora.
Tudo tem que estar pronto antes de 5 de novembro, quando o MSC Preziosa, vindo do Rio de Janeiro (onde chegará no dia anterior) atracará em Santos para sua programação que misturará minicruzeiros pelos litorais paulista e fluminense e roteiros de uma semana para o Nordeste. No total, serão 48 escalas dos navios da MSC Cruzeiros e 27 da Costa Cruzeiros no terminal.
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Já no Píer Mauá, o terminal de passageiros do Rio de Janeiro, a programação inicial é de 92 atracações, levando em consideração também os navios que não fazem parte da temporada brasileira de cruzeiros, ou seja, que não farão navegação apenas pelo litoral do país. De acordo com a empresa, para a temporada 2021/2022 são esperados 36 navios com mais de 107 mil passageiros.
O primeiro deles, assim como em Santos, será o MSC Preziosa, um navio para 4.400 pessoas que chegará em 4 de novembro e será o navio da MSC destacado para fazer embarques no Rio (os demais terão embarque apenas em São Paulo). O outro navio residente no porto carioca será o O Costa Fascinosa, para 3.780 passageiros. Já o último programado para passar pelo Píer Mauá é o Navigator of the Seas, da Royal Caribbean, que atualmente está em operações entre a Califórnia e o México, mas que, em 11 de maio de 2022, atracará no Rio a caminho de Buenos Aires.
— Os principais destinos da Europa já estão navegando faz alguns meses. Como as principais armadores regulares em nossos mares são europeus e americanos, teremos o melhor de cada parte do mundo para aplicar no Rio e Brasil — acredita Américo Relvas, diretor de operações do Pier Mauá.
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