Afinal, o Padre Kelmon é ou não é padre?

Candidato a presidente do PTB estreou em debates e nunca foi sacerdote

publicado em: 30/09/2022

Padre Kelmon participou nesta quinta-feira (29) do debate da Globo e viralizou na internet após ir vestido com trajes característicos da matriz ortodoxa da Igreja Católica. Candidato à Presidência pelo PTB, ele se diz em defesa enfática do movimento pró-vida e encabeçou sua chapa depois que a candidatura de Roberto Jefferson (PTB) foi indeferida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Padre Kelmon se chama Kelmon Luís da Silva Souza, tem 45 anos e nasceu na Bahia. Ele se diz ortodoxo, mas na verdade nunca foi sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil. Mesmo assim, Kelmon continua celebrando missas e batismos na Bahia, principalmente entre os grupos mais conservadores.

Padre Kelmon é ou não é padre?

Padre Kelmon já foi recebido pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, o cardeal Dom Orani Tempesta. Além disso, fez convocações para os atos do 7 de setembro no ano passado na condição de religioso, usando sua tradicional batina, marca registrada do autointitulado sacerdote em eventos públicos.

Padre Kelmon possui um canal no Youtube, é admirador declarado dos falecidos políticos Levy Fidélix e Enéas Carneiro e já foi filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores). Embora se defina como padre, ele não é reconhecido pela igreja ortodoxa no país. Mesmo assim, fundou e coordena o Movimento Cristão Conservador Latino-Americano e esteve à frente do Movimento Cristão Conservador do PTB.

Em seu site oficial, a Igreja Ortodoxa declarou que Kelmon não é sacerdote no Brasil e nunca foi seminarista ou membro do clero em nenhum dos três graus da ordem —bispo, presbítero e diácono.

Kelmon se apresenta como sacerdote da Igreja Ortodoxa no Brasil, aparecendo em peças de campanha com vestimentas tradicionais da Igreja. Ele nunca foi seminarista ou membro do clero da Igreja em nenhum dos três graus da ordem, quer no Brasil ou em outro país (...) Qualquer tentativa de utilizar de fotos do período de acompanhamento por nossa Igreja de antes da renúncia caracteriza-se como desonestidade, mentira e difamação.

Kelmon rebateu nota da igreja mostrando uma carta da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru, entidade que diz ser reconhecida pelo governo peruano. Nela, a igreja peruana diz que o candidato é "um dos membros mais ilustres" das missões e "pároco interino sediado no Vicariato Episcopal do Brasil". O presidenciável é responsável pela Missão Paroquial Ortodoxa Malankar de São Lázaro na Ilha da Maré, na Bahia.

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Publicado por

Thiago Ribeiro Guedes

Editor do Focalizando

Jornalista e graduado em Publicidade, fiz da internet o meu país. Nas minhas redes sociais (@thiagobotafogo) não coloco ninguém em vacilo e produzo conteúdo sobre vida adulta, viagens, séries, filmes, tv, Biriba (meu cachorro) e Botafogo. Ah, e adoro reclamar. Se a vida me cobrasse para reclamar, eu pagaria o dobro!