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A Mulher da Casa Abandonada: afinal, do que se trata o podcast que virou fenômeno na web?

Confira tudo que você precisa saber sobre o podcast que vem despertando a curiosidade dos ouvintes

publicado em: 20/07/2022

A Mulher da Casa Abandonada é um podcast produzido pelo jornalista Chico Felitti para a Folha de S.Paulo e que virou um enorme sucesso nas principais plataformas de streaming. Ele conta a história de Margarida Bonetti, uma mulher que vive em uma enorme mansão abandonada em Higienópolis e que escapou da lista de procurados do FBI.

Moradora da mansão de um dos bairros mais caros de São Paulo, Margarida esconde o rosto com pomada branca e viveu por muito tempo escondida por conta das acusações de crimes que cometeu nos Estados Unidos entre a década de 1970 e a virada dos anos 2000.

 

Veja abaixo tudo que você precisa saber sobre "A Mulher da Casa Abandonada".

A Mulher da Casa Abandonada

O podcast A Mulher da Casa Abandonada é dividido em sete capítulos e narra a investigação contra Margarida e o marido, Renê Bonetti, que "ganharam de presente" uma empregada doméstica após se casarem e se mudarem para os Estados Unidos, na cidade nos arredores de Washington DC, no estado de Maryland. O casal viveu com a funcionária durante anos e segundo investigações, a mantinha em condições análogas à escravidão.

A vítima, que não foi identificada no podcast, não era remunerada e sofria agressões dos patrões. Ela conseguiu fugir enquanto o casal fazia uma viagem ao Brasil, o caso foi denunciado e investigado pelo FBI, e Renê foi condenado a seis anos de prisão. Margarida conseguiu fugir para São Paulo, onde se manteve escondida na "casa abandonada".

a mulher da casa abandonada
Montagem: UOL

Quem é a família da "mulher na casa abandonada"?

Margarida Bonetti vem de uma família rica e tradicional de São Paulo, sendo herdeira de uma mansão abandonada em Higienópolis. Ela é filha do médico paulistano Geraldo Vicente de Azevedo e neta de Francisco de Paula Vicente de Azevedo, conhecido como o Barão de Bocaina.

Margarida Maria Vicente de Azevedo Bonetti, que atendia pelo nome de Mari, é procurada pelo FBI dos Estados Unidos por ter escravizado uma empregada durante duas décadas. Ela acabou fugindo para o Brasil após o falecimento do pai e nunca mais foi julgada. Conviveu alguns anos na mansão com a própria mãe, que morreu 2011, e após isso viveu sozinha na tal mansão, hoje caindo aos pedaços. 

 

Por que ela nunca foi presa?

Como explicado no próprio podcast A Mulher da Casa Abandonada, o Brasil não expatria seus cidadãos nacionais para serem julgados em outros países. Isso quer dizer que, mesmo a Polícia sabendo onde Margarida vive, ela jamais poderia ser presa e levada aos EUA para cumprir pena.

Após o lançamento do conteúdo no streaming pelo jornalista Chico Felitti, Margarida nunca mais vista na região. Muitos acreditam que ela tenha saído do local por conta da exposição, mas há pessoas que teorizam que ela esteja vivendo em um cômodo secreto no local.

O que aconteceu com o marido de Mari, Renê Bonetti?

Após fugir para o Brasil assim que a história foi descoberta pela polícia norte-americana, Margarida abandonou o marido, Renê Bonetti, cúmplice dela no crime. A Justiça dos Estados Unidos condenou o engenheiro eletrônico a 6 anos e meio de prisão, sem direito à liberdade condicional, mais o pagamento de US$ 100 mil de multa ao Estado e, no mínimo, US$ 110 mil em salários devidos à vítima.

Renê cumpriu a pena em uma prisão federal, foi solto e hoje é diretor de uma empresa que presta serviço à Nasa, a Northrop Grumman Corporation.

 

E a empregada? Por onde anda?

A empregada não teve sua identidade preservada pelo podcast A Mulher da Casa Abandonada. Ela foi levada por Margarida e Renê na década de 1970 para os EUA, logo após o casamento deles e ganharem ela de "presente" ao casal.

Analfabeta, a mulher trabalhava na casa dos pais de Margarida antes de ser levada para os EUA e ser mantida pelo casal sem receber pagamento pelo seu serviço, sem direito a folgas e férias. Também foi vítima de agressões e humilhações, como consta em relatórios do FBI, divulgado pelo podcast. Em uma das agressões, a empregada teve ossos quebrados e fraturas pelo corpo, mas o casal negou levá-la para atendimento médico.

A mulher era obrigada a trabalhar das 6h às 22h, mas conseguiu fugir após uma viagem de férias do casal para o Brasil. Uma vizinha acabou ajudando, dando abrigo e denunciando o caso à polícia, que investigou a situação durante anos. A empregada viveu escondida durante dois anos em uma igreja da cidade.

Hoje, ninguém sabe onde a vítima esteja, mas a vizinha diz que ela está muito bem e vive legalmente em território americano. A ex-empregada do casal estaria recebendo uma pensão do governo e, graças ao caso, o congresso americano alterou as regras em relação aos crimes de escravidão cometidos contra pessoas estrangeiras.

Essa vizinha, que ajudou a empregada a fugir e denunciou o casal para o FBI, se chama Vicky Schneider, e ainda mora na mesma casa, ao lado da antiga residência dos Bonetti. A entrevista dela ao jornalista Chico Felitti está no terceiro episódio do podcast.

 

Quem fim terá a casa abandonada?

Localizada na Rua Piauí, no bairro nobre de Higienópolis, em São Paulo, a casa é uma herança da família Bonetti e é envolvida em um longo processo, como narrado no podcast. Ultimamente ela tem se tornando um 'ponto turístico' de São Paulo, com alguns jovens gravando vídeos e danças em frente à residência. Os muros também foram pixados.

A Polícia Civil de São Paulo, através de nota, disse que abriu uma investigação no início de julho após receber ligações de vizinhos da mansão relatando que "uma pessoa que apresenta problemas de saúde mental, e que estaria necessitando de ajuda" habita o local. A polícia não conseguiu achar nem Margarida, nem seu filho e nem sua irmã para comentar sobre o caso.

"A residência está em estado de abandono, com vasta vegetação cobrindo a entrada do imóvel, que estava fechado. Porém, foi possível perceber que havia uma luz acesa. No entanto, ninguém atendeu a investigação", diz o boletim, que continua "A residência estaria sendo ocupada por uma moradora, que apresenta problemas mentais e supostamente recebe visita de uma irmã, que por sua vez costuma deixar alimentos para ela", termina. As informações são do UOL.

Simon Plestenjak/UOL
Foto: Simon Plestenjak/UOL

Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo bloqueou R$ 83.837,75 das contas de Margarida Bonetti, por conta de uma ação foi movida por um condomínio próximo à mansão onde mora, em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo (SP). Segundo reportagem do UOL, a petição protocolada pelo condomínio diz que a “condômina da unidade supra ter causado danos ao hall social do 6º andar, onde pode-se observar a mesma pichando a parede da parte interna do condomínio, de acordo com imagens gravadas por câmera instalada no olho-mágico do vizinho”. 

O valor da multa atualmente está em R$ 7,8 mil e como não pago, a juíza Paula Velloso Rodrigues Ferreri determinou em abril o bloqueio das contas bancárias de Margarida Bonetti, que possui mais de R$ 80 mil. 

E os cachorros de Margarida?

O podcast "A Mulher da Casa Abandonada" está disponível em plataformas de streaming como Spotify, Deezer e Apple Podcasts. Se você já escutou todo o podcast e se interessar pelo gênero "true crime", separamos abaixo uma indicação com 5 livros sobre casos reais que chocaram o Brasil:

Quem ouviu o podcast A Mulher da Casa Abandonada sabe quem são Ebony e Ivory, as cachorras de guarda de Margarida Bonetti. Vira-latas e de grande porte, os animais foram resgatados da casa abandonada pelo delegado Bruno Lima e a equipe do Instituto Luisa Mell. O resgate ocorreu após denúncias de abandono, já que Margarida Bonetti nunca mais foi vista no local.

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Publicado por

Thiago Ribeiro Guedes

Editor do Focalizando

Jornalista e graduado em Publicidade, fiz da internet o meu país. Nas minhas redes sociais (@thiagobotafogo) não coloco ninguém em vacilo e produzo conteúdo sobre vida adulta, viagens, séries, filmes, tv, Biriba (meu cachorro) e Botafogo. Ah, e adoro reclamar. Se a vida me cobrasse para reclamar, eu pagaria o dobro!

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